O futuro do Profissional de Contabilidade e a Inteligência Artificial
Vivemos num tempo de grande avanço tecnológico. Esse avanço atingiu praticamente todas as áreas do conhecimento humano e em velocidade exponencial. Como ficam o contabilista e a Contabilidade nesse contexto?
Vivemos num tempo de grande avanço tecnológico. Esse avanço atingiu praticamente todas as áreas do conhecimento humano e em velocidade exponencial.
Só para ficarmos num único exemplo atual, recentemente numa galeria de arte em Nova Iorque, um quadro feito por inteligência artificial (IA) com base em algorítimo, foi vendido por U$$ 432.500,00. Fato impensável alguns anos atrás, quando se pensava a arte ser exclusiva do ser humano.
Na ciência contábil não poderia ser diferente. Nos últimos 25 anos observamos o grande avanço dos softwares nos escritórios, mudando radicalmente a forma de trabalho dos profissionais.
Inicialmente os sistemas tinham quase que tão somente o objetivo de substituir a escrituração manual pela digitação manual de dados. Isso significou a redução de tempo com as trabalhosas e minuciosas escritas comerciais e logo a caneta tinteiro e a boa caligrafia foram substituídas pelo teclado e o mouse.
Essa simples mudança de meio físico para o digital significou ganho de eficiência no trabalho de escritórios e a demissão de muitos que ganhavam a vida como simples escriturários.
Alguns mais atentos, procuraram “acompanhar a onda” e fizeram cursos de informática, de digitação, de uso de planilhas e editores de textos eletrônicos. Com isso esses mais atentos conseguiram sobreviver à essa “seleção natural” inicial.
Mas e agora, o que nos reserva o futuro? Alguns dizem que em pouco tempo o contador será extinto, porque os computadores com seus softwares, calcularão e registrarão os fatos de forma automática e rápida.
Cita-se como exemplo o recente advento das famosas contabilidades on line de baixo custo, que costumo chamar em tom jocoso de “contabilidade por R$ 1,99”, em alusão as famosas lojinhas de R$ 1,99 que se proliferaram pelo Brasil em tempos recentes.
Mas, será isso mesmo? Nós contabilistas seremos substituídos pela inteligência artificial?
Bom, vamos analisar melhor os fatos e nossa profissão. A primeira coisa positiva que podemos observar é que em nenhum momento fala-se na extinção da ciência contábil. Essa persiste na humanidade desde os tempos pré-históricos. Sem ela as entidades não tem como mensurar as variações patrimoniais e econômicas. Isso já é um alento.
Outro ponto interessante é que esses “futurologistas” reduzem as atribuições do profissional de contabilidade à apenas funções burocráticas e que naturalmente podem ser sim, substituídas com grande ganho de eficiência pela inteligência artificial. Inclusive é disso que se valem as contabilidades de custo inferior a R$ 100,00. Mas será a função do contabilista apenas digitar e calcular? É a contabilidade uma ciência exata e por isso facilmente substituível?
Não, a contabilidade não é uma ciência exata. Ela se vale da matemática como ferramenta, mas não é uma ciência irmã. A contabilidade é uma ciência humana e como tal possui peculiaridades que variam de forma não tão objetiva como nas ciências exatas. Mas mesmo em relação à área das exatas, interessante destacar que a inteligência artificial não extinguiu os matemáticos e físicos. As calculadoras, os softwares não acabaram com os profissionais. Esses ganharam tempo para expandir seus conhecimentos e evoluir suas ciências.
Da mesma maneira, o contabilista tem potencial de atuação bem mais amplo. Até mesmo em relação aos impostos, citados por alguns como sendo perfeitamente substituível pela IA. Acontece caro leitor, que em países como o nosso, muita das vezes a parte mais fácil é o cálculo do tributo. O que realmente pode agregar valor às entidades é saber se com a grande confusão tributária em que vivemos, se existem alternativas legais que possam reduzir esses custos. Isso chama-se na contabilidade fiscal, planejamento tributário. Esse planejamento não é feito por computadores, pois depende muita das vezes da observação humana do todo e da interpretação da letra fria da lei.
Por outro lado temos também a subutilização do contador. Isso tanto por parte do cliente/contratante, como por parte do próprio profissional. Isso mesmo, o próprio profissional tem parcela de culpa nesse caso. O profissional moderno, que deseja sobreviver a revolução digita/informação, tem de ser mais do que foi a 30 anos. Esse profissional tem de se aproximar das decisões estratégicas das empresas. Tem de mostrar valor além do que simplesmente emitir relatórios padronizados com fórmulas igualmente estáticas, que pode atender a uma parcela de usuários, mas que pode não ser o suficiente a todos.
Se analisarmos pelo lado positivo, a inteligência artificial pode até mesmo ser uma aliada. Ela pode automatizar processos repetitivos e liberar tempo ao profissional para se dedicar ao que realmente gera valor e resultado ao cliente. Neste momento o contabilista pode dar um salto de qualidade deixando de ser um simples gerador de relatórios e passando a ser um verdadeiro parceiro de seu cliente em relação a seu negócio.
Portanto não tenha medo do futuro e dos “profetas do fim”! Aproveite os novos desafios apresentados pela tecnologia para que possa renascer como um novo profissional moderno e relevante para a sociedade!
Fontes:
G1 – https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2018/10/25/arte-feita-por-algoritmo-e-comprada-por-r-16-milhao-em-leilao-da-christies-em-ny.ghtml
El País – https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/09/tecnologia/1541765605_369415.html
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